Os primeiros partidos
políticos modernos com as funções e características semelhantes às de hoje,
surgiram na Inglaterra em 1832, nos Estados Unidos em meados de 1859 e na
França associados à revolução de 1848.
Daí a pertinência de se retomar as
análises feitas por importantes cientistas políticos europeus e americanos a
respeito das principais abordagens sobre os partidos e os sistemas partidários.
Duverger (1967), quando expôs suas
ideias, ainda na década de 1950, abriu uma nova perspectiva na discussão a
respeito dos sistemas partidários e eleitorais, bem como do nascimento,
consolidação e queda dos partidos políticos. Contudo, hoje, após tantas
mudanças no cenário político-partidário e nos resultados do jogo eleitoral dos
países ocidentais desenvolvidos, suas ideias já se encontram relativamente
superadas, ainda que tenham tido grande importância para a ciência política,
pois foi o fundador da linha de pensamento político que centra a atenção nas
regras de funcionamento dos sistemas partidários e eleitorais como principal
elemento definidor dos resultados político-institucionais, principalmente
quando se trata da disputa eleitoral.
Sartori (1976), também
segue na mesma linha, remontando sua análise a respeito dos sistemas partidários
à história das ideias e à semântica. Ele descreve como a palavra “partida” se
firmou historicamente e toda a dificuldade em torno dessa afirmação que, na
realidade, faz parte da evolução democrática das sociedades liberais do
Ocidente. Primeiramente, ele procura diferenciar facção de partido, mostrando
como os interesses específicos das facções se contrapõem ao bem comum que, em
tese, é o objectivo final dos partidos.
Grandes pensadores
políticos, como Maquiavel, Locke e Rousseau, sempre centraram sua discussão no
conflito entre os interesses específicos e o bem comum, despreocupando-se com
as regras do jogo político. Para Locke, os indivíduos eram aqueles “homens
livres”, logo, uma minoria da população. Eram pessoas com interesses comuns,
daí as classes sociais, ou seja, eram grupos de pessoas com interesses em comum
e que divergiam entre si. Já para Rousseau, a sociedade deveria ser homogénea,
sem esses conflitos de interesses, que deveriam ser resolvidos através de uma
democracia directa, impossível numa sociedade de massas.
A facção busca interesses específicos, ainda que isso leve à
cisão e a ruptura da ordem institucional, já o partido busca sempre o bem comum
buscando a unidade e preservação das instituições políticas, seja ele qual for.
De Maquiavel até à
independência dos EUA, os partidos sempre foram mal vistos. A própria
constituição americana de 1787 não previa a existência de partidos, tratava
apenas da instituição dos poderes do Estado Executivo, Legislativo e
Judiciário. Um dos axiomas do pensamento liberal americano é que o bem comum é
o equilíbrio dos interesses específicos, e o que ele deve impedir é que um
interesse tiranize o outro. Assim, havia o receio de que o voto da maioria da
população mais pobre pudesse impedir a satisfação dos interesses dos mais ricos
e poderosos, por isso, não acreditavam em partidos.
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